Estamos mais uma vez, em ano de
eleição, e, como música ruim repetida,
as igrejas evangélicas nesses últimos 20 anos vêm sem vigilância dando espaço e
fechando alianças com a política governamental, fato em todo território
nacional, com a justificativa de que é necessário para defender os interesses
ideológicos de “uma” igreja e do “povo”.
Seria essa a forma mais coerente
para a igreja interagir no seu papel de cidadania?
Qualquer cidadão dentro do que
determina a lei é apto a ser candidato e, quem se candidata exerce um direito
que lhe assiste, para tanto qualquer cidadão brasileiro pode ser candidato,
seja esse pobre, rico, negro, branco, evangélico, católico, espirita, budista,
e outros. Logo, qualquer membro de uma igreja pode ser candidato, inclusive o
líder, o pastor.
Outro ponto, nenhum candidato
brasileiro é eleito para servir a uma organização exclusiva, ele pode até
defender uma ideologia partidária, mas o interesse comum é o alvo “o povo”
(embora isso não funcione). Onde fica o modelo ético e a moral dentro desse
aspecto em um estado laico?
A missão da igreja (embora
organização enquanto está na terra) é diferente da missão da política
governamental. Qualquer cidadão, independente de bandeira e / ou função em uma
igreja, tem o direito de ser candidato, inclusive pastores (porém não é
recomendável), mas a igreja como organização não tem o direito de manipular
seus membros para favorecer a torpe ganância de alguns com a justificativa de
que os tais representarão o interesse comum dessa comunidade. Esse tipo de
manipulação fere a constituição federal, o direito a escolha e o livre
pensamento.
A igreja como agente
influenciador, pode orientar os membros quanto ao voto consciente, sábio e que
produzirá resultados benéficos a sociedade e a própria organização, mas não
vejo como algo sadio utilizar o poder que possui para pôr cabresto no povo,
favorecendo e contribuindo para algo que poderá manchar a história da igreja,
produzindo efeitos danosos a médio e longo prazo.
É lamentável mas, o histórico
político do Brasil é vergonhoso! Ponham numa balança o peso que a atitude de
algumas igrejas que estão fechando aliança com partidos políticos e com
candidatos produzirá! Peso de mentira, de roubo e de injustiça.
Outro ponto crítico, “o pastor
ser candidato”. Não vejo imoralidade em um pastor ser político, mas enxergo
imoralidade em um político “brasileiro” ser pastor. Entendam esse trocadilho!
Em tudo há política, mas os focos dessas duas missões são diferentes e
geralmente opostos, uma tem como alvo o Reino dos Céus e a outra o reino da
terra.
Ambas devem ser modelo de
liderança, serviço e abnegação. O objetivo de ambas é servir com justiça, ética
e moral. Mas a quem atribuir status de ético, os dois lados têm por obrigação o
ser ético. Mas, onde?! Ultimamente temos sentido tal virtude? O que motiva um pastor a
ambicionar uma posição política? Será esse honesto em suas atitudes e decisões?
Como conciliar as atribuições e responsabilidade com a igreja e a sociedade?
Coloquei-me a meditar em Atos dos Apóstolos 6.2. Onde está escrito: Por
isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram: Não é certo
negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas.
O que é mais nobre para um pastor? Servir a mesas de viúvas
necessitadas ou ser Candidato? Se servir os necessitados da própria congregação
requeria tempo e poderia atrapalhar a dedicação da Santa Palavra e a Oração,
imaginemos ser candidato! Cada um faça seu próprio comentário.
O número de candidatos “abertamente evangélicos” na disputa eleitoral
cresceu 45% em quatro anos no Brasil dados oficiais do Tribunal Superior
Eleitoral, foi visto ainda pela pesquisa do Broadcast Politico que esses candidatos
aparecem na urna eletrônica com os nomes de Pastor, Bispo e Missionário. (http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,candidatos-evangelicos-crescem-45-entre-eleicoes-de-2010-e-2014,1536964)
Infelizmente, a política no
Brasil está maculada em sua essência; um pastor por mais ético e representativo
que seja, quando adere a uma posição partidária política e podendo concorrer a
uma posição, não será mais visto como homem honesto, ético e moral. Política no
Brasil é sinônimo de mentira, roubo, luxúria, falácia e opressão. Onde isso se
adequa a imagem de um pastor?
Mas, cada um é livre para ser e
fazer o que bem entender.
Por esses dias um renomado pastor
do estado de alagoas lançou uma enquete (lógico, apenas por brincadeira) sobre
a posição das pessoas quanto a ele ser candidato, não tratarei aqui o resultado
e as opiniões. Como tal discussão foi exposta por um pastor, lancei minha
opinião como ovelha:
Pouquíssimos são os ministérios
(igrejas- organização), sejam, no Brasil ou no Estado de Alagoas, com
autoridade exemplar no âmbito de crítica política, as formas como os laços com
a política estão sendo construída infelizmente expõe as igrejas ao crivo da desconfiança
paradoxalmente à ética e a moral.
Não estou com isso acusando ou
julgando a liderança, pois sabemos que se trata de homens éticos e na moral são
exemplo, mas o quanto alguns ministérios (igrejas) não estão conseguindo
exercer o seu papel de cidadania sem se contaminar, porém tem caído nas
armadilhas da ganância, atraídos por favores e posições que poderá manchar anos
de história, construída com honestidade, oração, pregação do evangelho e fé no
Deus Onipotente.
Esse texto tem como objetivo
provocar uma reflexão aos líderes religiosos de nossa nação, para que não se
esqueçam da missão para qual foram escritos e convocados, pois quando vejo uma
igreja se rebaixando à lama da política, entendo que a mesma deixou de ser
igreja, no aspecto visão, missão e valores.
Aos senhores e senhoras que se
dizem Cristãos Evangélicos e que são candidatos, pelo amor de Deus zelem pelo Maravilhoso
Nome de Cristo Jesus e se eleitos sirvam ao povo com honra e ética.
Adaias Marcos Ramos da Silva.
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