segunda-feira, 25 de junho de 2012

A igreja e a interferência política


Esse texto não se refere à igreja imaculada, mas a organizações religiosas de valores questionáveis.
A cada dia que passa para uma parcela maior da sociedade "evangélico" se torna sinônimo de gente sem caráter, hipócrita, dada a corrupção e que exerce a sua cidadania de forma corporativa, contra o interesse público, enquanto busca impor os seus valores culturais à sociedade. Em função disto, corremos o risco (com muito merecimento) de perseguição. E não por conta do Evangelho, o que nos é motivo de alegria e galardão, mas em função do péssimo testemunho dado pelos lobos travestidos em nosso meio.
É lamentável o comportamento de algumas organizações religiosas, o testemunho como cristão está longe de se alcançar, a vida de amor ao próximo está a cada dia longe das obras apresentadas. É impossível associar uma igreja com fins e interferências políticas a um comportamento ético, e de caridade. O que encontramos é exploração e manipulação do direito de escolha e de pensar dos fieis, que por medo de um castigo que não é o de Deus, preferem se dobrar a homens corruptos e manipuladores dos direitos garantidos por Deus e pela nação.
Lembro que em um ano eleitoral, correu nas igrejas vídeos e palestras atacando um determinado político, deixando os fieis atônitos e obrigados a votar conforme a orientação de uma igreja, o que vergonhosamente uma semana depois do primeiro turno o mesmo grupo por necessidade partidária e por interesses político do segundo turno, de forma sutil e vergonhosa e indiretamente apoiava o lado condenado ao inferno segundo palestras dos mesmos senhores da “verdade” anteriormente. É verdade e aconselho que os eleitores orem pedindo a Deus direção em quem votar, e é obvio que a probabilidade de um candidato cristão protestante (caso seja eleito) cumprir o seu mandato trabalhando e colaborando para que os princípios bíblicos sejam mantidos e prevaleça em qualquer circunstancia seja maior que os demais candidatos.
A nossa grande tristeza é constatar que aquele espírito protestante, fruto da compreensão e exercício da verdadeira ética cristã reformada, que ainda se via claramente na igreja evangélica brasileira da década de 80, hoje não está nem sequer rarefeito, diluído entre o “novo povo evangélico", mas quando muito é pontual, subsistindo no território da exceção que confirma a "nova regra evangélica".
E o grande paradoxo desta catástrofe é constatar que ao abandonar a sã doutrina e a busca dos valores essenciais do cristianismo, da salvação, da mensagem da cruz, dos tesouros transcendentes, pela perseguição de um arremedo de cristianismo que subsiste na religião de barganha, na autoajuda e na “conquista” de benção materiais, o “novo evangélico”, se vê destituído da verdadeira herança de prosperidade econômica (neste mundo e para esta geração) - a real e verdadeira “teologia da prosperidade” - que é a conquista coletiva, e não individual, dos frutos do crescimento econômico, da justiça social e da solidez das instituições democráticas, todas refletindo a superioridade da ética cristã na sociedade.
A nossa justiça, os nossos políticos e a prática dos negócios neste país exibem a moral derivada da ética cristã protestante? Refletem o crescimento da população evangélica, na teoria, portadora da ética cristã? Lamentavelmente, não. Muito ao contrário, somos envergonhados como cristãos todos os dias, ao observar os escândalos provocados pelo comportamento da maioria dos evangélicos alçados a posição de liderança nas instituições nacionais.
Com base na ética protestante, o que poderia se esperar de um político evangélico seria grandeza de propósitos, levando a persecução dos mais altos ideais do bem comum - um testemunho da reserva moral cristã.  Contudo, lamentavelmente, o que se vê são procuradores da causa egoísta de seus guetos evangélicos, advogados de causas paroquiais, que não interessam em nada à sociedade como um todo e nem de longe são capazes de qualquer vislumbre da onda transformadora que é a ética cristã protestante, quando verdadeiramente areja uma sociedade.
Por exemplo, vemos um vereador de Belo Horizonte (MG), membro de uma igreja e eleito pela mesma (conhecida dentro e fora do Brasil) fazer aquilo que quase todo político evangélico faz: defender os interesses do líder da denominação que o elegeu, sendo que outros, ainda aproveitam a “hora do recreio” para se envolver em algum escândalo de corrupção.
É de sua autoria o inusitado projeto subvertendo o conceito de bem público a fim de beneficiar a referida igreja, que pretende ampliar seu templo, com um novo estacionamento a ser construído em uma RUA PÚBLICA onde, inclusive, residem pessoas em imóveis perfeitamente regularizados e que se aprovada a decisão terão destino incerto. Vizinhos INVISÍVEIS, por mais de 50 anos, da "ensimesmada" comunidade evangélica.
Ferindo o principio da moralidade, norteador da administração pública e o conceito mais básico do que venha ser um bem público, isto é: um bem público de uso comum do povo, os quais são, por natureza jurídica, considerados bens indisponíveis, ou seja, não podem ser objetos de venda, permuta, doação, etc. o vereador pretende expropriar o que pertence ao povo para viabilizar a construção de um estacionamento de sua igreja e, por tabela, ainda irá desapropriar o lar de diversas famílias humildes.
Encravada em meio a uma enorme comunidade carente há 50 anos, essa igreja testifica que seus 50.000 membros, antes de promover a mudança radical em seu entorno, sendo sal e luz e levar à frente a missão integral da igreja, sequer conseguem enxergar a miséria que lhe cerca e a seus vizinhos mais próximos. Este não é "evangelho" capaz de causar mudança radical na sociedade. Não muda nem um quarteirão. Nessa igreja, Jesus anda de BMW  e está se lixando pra os seus vizinhos miseráveis.
Não duvido que se isto for aprovado, alguns com coração recheado de egolatria dirão que foi o Deus do céu que expulsou pobres famílias para outro local simplesmente para atender o interesse de uma organização, e sei que alguns se utilizam de passagens bíblicas para justificar atos como esses.
O problema não é um evangélico se candidatar e sim como isto é trabalhado com o povo, e as interferências que tais apoios influenciarão na comunidade evangélica e na sociedade. O voto é um direto de todos que vive em regime democrático, que consiste em escolher individualmente o candidato que assumirá a representação de toda a sociedade, e não exclusivamente de um grupo apesar das linhas filosóficas de cada partido, pense nisso, pois é dever da igreja apresentar a Deus as autoridades e ensinar o povo os princípios bíblicos estabelecido pelo Criador Eterno, mas como cidadão individualmente precisamos saber escolher de forma livre alguém que melhor representará o povo.
Este texto não tem por objetivo atingir moralmente e ou pessoalmente nenhuma instituição ou pessoa, mas de maneira democrática relatar aos leitores uma verdade muita das vezes mascaradas por palavras de manipulação da massa ignorante aos fatos vivenciados nos bastidores da política religiosa que contamina igrejas que antes eram idôneas a essas amarras de interesse pessoal.
Fontes:
OBSERVAÇÃO:
O texto original sofreu modificação sem alterar o objetivo, para melhor expressar o pensamento do blog.

Nenhum comentário:

Postar um comentário